A experiência chinesa
No mês de agosto, retornei de uma missão à China, organizada pela Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), na qual tive a oportunidade de visitar quase duas dezenas de Parques Tecnológicos das cidades de Pequim, Shangai, Shenzhen, e Hong Kong, além de Universidades.
Há que se compreender que o modelo de desenvolvimento Chinês é algo assustador para os padrões brasileiros, de uma economia que reduziu seu crescimento, porém tem a expectativa de fechar este ano com um PIB de 6,8%, por aí só já se pode ter ideia do quanto os números são grandes. Este é um primeiro impacto que se tem naquele país que tem números como a população de mais de 1,3 bilhão de pessoas, a grandiosidade dos números, dos resultados financeiros e de organização na China.
O TUSPARK, Parque Tecnológico da Tsinghua University, atualmente é uma espécie de Holding de investimentos em inovação, com base acionária em mais de 500 empresas, e com iniciativas com suas incubadoras espalhadas por toda a China. Nos dá a ideia da agressividade com que o tema é tratado naquele país.
Outra constatação é que o Estado está presente nos momentos em que o ecossistema necessita, porém cabe destacar o quão organizado e responsável é, pois, nota-se que cada um faz de maneira adequada sua parte. Os gestores públicos necessitam cumprir metas caso queiram avançar em postos mais importantes dentro do Partido que comanda o país. Os gestores privados buscam resultados para o crescimento da empresa e os funcionários entendem seu papel no sucesso do projeto. A tecnologia encontra no modelo chinês um campo fértil para seu desenvolvimento, uma vez que a educação é algo gestionado com muito cuidado, o professor é alguém do mais alto posto e respeito no país, o mercado é gigante, pois um mercado interno consumidor de 1,3 bilhão de pessoas, dá o tom do desenvolvimento chinês.
Em cada um dos Parques Tecnológicos visitados, se viu aquilo que por aqui falamos que vai acontecer no futuro, a Inteligência Artificial já sendo usada, robôs em vários processos produtivos, sensores por todos os lados, biotecnologia, realidade virtual, big data, IoT, cidades inteligentes, etc. Aqui, um destaque para a cidade de Shangai que tem um centro de inteligência e controle das informações que ocorrem na cidade, apresentando uma dinâmica de um ente vivo, com números de movimentação da logística das pessoas, da qualidade do ar, da água, sistemas inteligentes de organização do tráfego, sistema de acompanhamento do sucesso comercial de shopping centers e lojas de forma on line, reconhecimento facial de pessoas para ampliar a segurança, enfim, inúmeros dados que se transformam em informações para gestão da cidade.
Fica a sensação de que a China continuará a crescer, pois a produção de ciência e tecnologia segue de forma consistente, produzindo riquezas e novas fontes de recursos para o país. Claro que há questões a serem levantadas sobre o regime, a democracia, e outros itens ligados a organização do país, porém em desenvolvimento de corporações para concorrer com o mundo ocidental, pode-se ver que o país cresce e assusta outras potências mundiais. Além disso nos sentimos cada vez mais perto dos produtos chineses, a Didi está em São Paulo (comprou a 99 Táxi), há investimentos em áreas como energia (CPFL), em Salvador a BYG chinesa está implantando um Monotrilho elétrico, a Huawei tem parcerias com organizações brasileiras provendo redes, enfim, esta proximidade com os chineses é cada vez mais efetiva. O que fica claro é que podemos aprender e muito com o sistema organizacional e com a efetividade do ecossistema chinês, seu pragmatismo, rapidez e consistência, e consequentemente, seu sucesso.